Pesquisadores descobrem mecanismo que aumenta a magnitude de certos terremotos
Uma equipe de cientistas descobriu um mecanismo que pode amplificar a magnitude de terremotos específicos ao alterar a dinâmica das falhas. Publicado na Nature Geoscience, as descobertas revelam como as interações de fluidos em zonas de falhas contribuem para eventos sísmicos maiores. Essa descoberta pode melhorar os modelos para prever a severidade de terremotos em áreas ricas em fluidos.
Em um estudo publicado em 23 de outubro de 2023 na Nature Geoscience, pesquisadores da University of California, Santa Cruz, e colaboradores internacionais detalharam um mecanismo recém-identificado que aumenta a magnitude de certos terremotos. O mecanismo centra-se no rebound poroelástico, onde mudanças na pressão de fluidos em zonas de falhas reduzem o atrito, permitindo que rupturas se propaguem mais longe e liberem mais energia.
O autor principal, Agron Bajraktari, geofísico da UC Santa Cruz, explicou o processo: "Encontramos que quando fluidos são espremidos para fora da falha durante um terremoto, isso cria um aumento temporário na força da falha, mas paradoxalmente, isso pode levar a deslizamentos maiores em eventos subsequentes." A equipe usou experimentos de laboratório simulando condições de falhas, aplicando fluidos de alta pressão em amostras de rocha para observar como os efeitos poroelásticos influenciam a dinâmica de rupturas.
A pesquisa se baseia em observações de terremotos do mundo real, como os em zonas de subducção onde fluidos são abundantes. Por exemplo, o estudo faz referência ao terremoto de Tohoku de 2011 no Japão, notando semelhanças no envolvimento de fluidos, embora não afirme causalidade direta. Bajraktari acrescentou: "Esse mecanismo explica por que alguns terremotos excedem as expectativas baseadas apenas no tamanho da falha, particularmente em regiões com alta pressão de poros."
Modelos anteriores frequentemente subestimavam as magnitudes de terremotos ao se concentrar apenas no atrito estático, mas este trabalho incorpora respostas dinâmicas de fluidos. A coautora Emily Brodsky, professora da UC Santa Cruz, enfatizou as implicações: "Compreender a poroelasticidade pode refinar as avaliações de risco sísmico, ajudando comunidades em áreas propensas a terremotos a se prepararem para cenários de pior caso."
A descoberta se aplica especificamente a falhas saturadas de fluidos, comuns em configurações tectônicas como a Falha de San Andreas. Embora nem todos os terremotos sejam afetados, as descobertas destacam uma lacuna nas ferramentas de previsão atuais. Os pesquisadores pedem mais estudos de campo para validar o mecanismo em configurações naturais.
Este avanço sublinha a complexidade da física de terremotos, onde dinâmicas de fluidos aparentemente menores podem ter impactos desproporcionais no potencial de desastres.