Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados, dirigiu-se a um grande público inter-religioso em Cidade do Cabo, instando a ações contra a crise humanitária em Gaza. Ela enfatizou a necessidade de lutas unidas e da aplicação do direito internacional para prevenir o genocídio. O evento destacou o papel da África do Sul nos esforços de solidariedade global.
No domingo, 26 de outubro de 2025, a relatora especial da ONU Francesca Albanese discursou na Groote Kerk, em Cidade do Cabo, para mais de 3.500 participantes, analisando a crise humanitária em Gaza e chamando a sociedade a agir contra o genocídio. Organizado pela Fundação Nelson Mandela, pela Campanha de Solidariedade com a Palestina e pela Groote Kerk, com apoio de organizações como Gift of the Givers e Judeus Sul-Africanos por uma Palestina Livre, o evento atraiu uma multidão inter-religiosa sob cartazes com a inscrição 'Pare o genocídio', muitos usando keffiyehs e bandeiras palestinas.
Albanese descreveu a situação na Palestina como uma ameaça existencial com implicações globais. 'Os palestinos enfrentam uma ameaça existencial, [mas também] o que está acontecendo na Palestina não ficará na Palestina', disse ela, alertando que as armas usadas lá poderiam atingir outros em todo o mundo. Ela enfatizou que intervir é um compromisso com 'lutas unidas', traçando paralelos com o apoio internacional que ajudou a encerrar o apartheid na África do Sul. 'Agora, precisamos ajudar [os palestinos], como outros ajudaram o povo sul-africano [e] os lutadores pela liberdade a derrubar o regime do apartheid', acrescentou ela.
O conflito escalou após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que matou 1.200 pessoas e tomou 251 reféns, provocando ataques israelenses que supostamente mataram mais de 67.000 palestinos até outubro de 2025. Um recente cessar-fogo negociado pelos EUA libertou reféns e prisioneiros palestinos, mas a entrega de ajuda continua prejudicada por atrasos e insegurança.
Albanese elogiou o caso da África do Sul no TPI em dezembro de 2023 contra Israel por alegação de genocídio, notando seu impacto 'enorme'. 'Se os Estados-membros tivessem seguido o que a África do Sul iniciou, o genocídio poderia ter sido parado', disse ela. Ela destacou seu relatório do Conselho de Direitos Humanos de junho de 2025 sobre o envolvimento corporativo na ocupação desde 1967, em meio a sanções dos EUA contra ela, que a ONU instou a reverter.
Oradores como o reverendo Rene August expressaram arrependimento por um erro em documentos judiciaires envolvendo Albanese, desculpas apresentadas pela Ministra da Justiça Mmamoloko Kubayi. Mitchel Joffe Hunter, dos Judeus Sul-Africanos por uma Palestina Livre, chamou por protestos em toda a sociedade. Albanese endossou o movimento BDS, instando boicotes, desinvestimentos e sanções até que Israel cumpra o direito internacional, incluindo o fim da ocupação e o retorno de refugiados. Ela também destacou o Grupo de Haia, co-presidido pela África do Sul e Colômbia, como um passo esperançoso no multilateralismo.