O presidente Gustavo Petro foi adicionado à Lista Clinton do Tesouro dos EUA, congelando quaisquer ativos sob jurisdição americana e proibindo transações com cidadãos ou empresas americanas. A medida também afeta sua esposa, filho e ministro do Interior, marcando a primeira vez que um presidente colombiano aparece na lista. Especialistas observam que sua pensão e a Ecopetrol permanecem inalteradas, embora surjam questões sobre a gestão de suas finanças pessoais.
A adição de Gustavo Petro à Lista de Nacionalmente Designados e Pessoas Bloqueadas, conhecida como Lista Clinton e gerenciada pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), ocorreu na última sexta-feira. Essa sanção pessoal congela propriedades sob jurisdição dos EUA e restringe operações financeiras internacionais, prejudicando a reputação global da Colômbia.
Na prática, o salário do presidente, gerenciado diretamente pelo Ministério da Fazenda, pode enfrentar obstáculos no sistema bancário colombiano, onde os bancos geralmente fecham contas de indivíduos listados. O advogado constitucional Andrés Felipe Velásquez explicou: “O pagamento por meio de canais no sistema financeiro colombiano é de fato um problema, porque os bancos fecham as contas de uma pessoa na Lista Clinton.” Métodos alternativos incluem pagamentos em dinheiro ou cheques sacados por intermediários, como familiares, embora Velásquez tenha observado que o dinheiro em espécie é “pouco bem visto”. Sua pensão, regida pelo sistema Colpensiones da Colômbia, permanece inalterada, pois a medida da OFAC não tem força legal interna para modificá-la.
Para a Ecopetrol, Camilo Cuervo da Holland & Knight esclareceu que a sanção visa Petro pessoalmente, não as instituições que ele representa, conforme respaldado pela jurisprudência judicial. No entanto, Velásquez alertou para um “risco de contágio”, semelhante ao da Pdvsa da Venezuela ou empresas estatais russas, onde o escrutínio se intensifica se benefícios para o indivíduo sancionado forem percebidos.
Petro mantém seus poderes constitucionais para assinar contratos, sem bases automáticas para suspensão. No entanto, transações envolvendo elementos internacionais, como compras de fornecedores americanos ou emissões de títulos em dólares, podem enfrentar complicações. Ao lado de Petro, a lista inclui Verónica Alcocer, Nicolás Petro e Armando Benedetti. Isso marca a primeira instância em que um presidente colombiano enfrenta tal bloqueio, implicando não apenas isolamento financeiro, mas também danos à reputação e possíveis efeitos políticos. Na região, Nicolás Maduro está na lista desde 2013, junto com Horacio Cartes e Michel Martelly. As entradas colombianas são principalmente traficantes de drogas como Wilder de Jesús Alcaraz.
O evento destaca uma crise de legitimidade ética e institucional, com repercussões diplomáticas que erodem a confiança com parceiros como os Estados Unidos, impactos econômicos que afetam o investimento estrangeiro e o crédito, e efeitos internos que exacerbam a polarização e as percepções de impunidade. O colunista Wilson Ruiz Orejuela o descreveu como “uma declaração internacional de desconfiança em relação à Colômbia”, comprometendo a imagem nacional e exigindo investigações rápidas e transparentes por parte dos órgãos de controle.