Exame de sangue identifica Parkinson anos antes dos sintomas
Cientistas desenvolveram um teste baseado em sangue que detecta a doença de Parkinson até sete anos antes do início dos sintomas. O teste visa proteínas alpha-sinucleína anormais e apresenta alta precisão em indivíduos de risco. Este avanço pode permitir tratamentos mais precoces para retardar a progressão da doença.
Uma nova ferramenta diagnóstica para a doença de Parkinson, detalhada em um estudo publicado em The Lancet Neurology, oferece esperança para intervenção precoce. Pesquisadores da Mayo Clinic analisaram amostras de sangue de 22 indivíduos diagnosticados com transtorno do comportamento do sono REM (RBD), uma condição que frequentemente precede o Parkinson. Durante um período de acompanhamento de 2012 a 2023, o teste previu com precisão quais participantes desenvolveriam sintomas de Parkinson.
O teste utiliza um ensaio de amplificação de sementes para detectar proteínas alpha-sinucleína mal dobradas, uma marca registrada do Parkinson. No estudo, identificou a proteína em 10 de 11 pacientes com RBD que posteriormente progrediram para Parkinson, alcançando 93% de sensibilidade e 100% de especificidade. A autora principal, Dra. V. Shruthi Vaidya, afirmou: "Este ensaio fornece uma maneira não invasiva de identificar pessoas em alto risco, potencialmente anos antes do surgimento de sintomas motores."
O RBD afeta cerca de 1% da população geral e até 80% das pessoas com RBD desenvolvem sinucleinopatias como Parkinson em 12 anos. Os participantes do estudo foram monitorados por uma média de 9,5 anos, com o teste realizado em amostras basais coletadas no início do processo da doença. Nenhum participante sem progressão testou positivo, destacando a precisão do teste.
Este desenvolvimento se baseia em pesquisas anteriores que identificam a alpha-sinucleína como um biomarcador chave. Testes anteriores exigiam fluido cefalorraquidiano ou biópsias de pele, mas este método baseado em sangue é mais simples e acessível. A equipe da Mayo Clinic, incluindo neurologistas e bioquímicos, enfatizou que, embora promissor, estudos de validação maiores são necessários antes do uso clínico.
A detecção precoce pode transformar o manejo do Parkinson, onde os tratamentos atuais abordam principalmente os sintomas após o diagnóstico. Sem cura, retardar a progressão por meio de estilo de vida ou terapias emergentes pode preservar a qualidade de vida. O estudo foi financiado pelo National Institutes of Health e envolveu colaboração com especialistas internacionais.
Especialistas alertam que o rastreamento de RBD ainda não é rotina, mas este teste pode guiar o monitoramento direcionado para grupos de alto risco. Como observou a Dra. Vaidya: "Identificar o Parkinson precocemente abre portas para estratégias preventivas que buscamos há muito tempo." Os achados foram apresentados no Congresso Internacional de Doença de Parkinson e Distúrbios do Movimento em setembro de 2024.