Colículo superior do cérebro gira para focar em sons
Pesquisadores descobriram que uma parte do cérebro gira fisicamente para ajudar a focar em sons vindos de direções diferentes. Essa descoberta, baseada em experimentos com camundongos, revela um novo mecanismo para atenção auditiva semelhante a como os olhos se movem para a visão. O estudo foi liderado por cientistas da University College London e publicado na Nature.
Em um estudo inovador, neurocientistas descobriram que o colículo superior, uma estrutura no mesencéfalo, pode girar para direcionar a atenção a sons originários de várias direções. Esse movimento físico aprimora a capacidade do cérebro de localizar estímulos auditivos no espaço tridimensional, semelhante ao giro dos olhos para focar em pistas visuais.
A pesquisa, conduzida por Jun Yao e colegas na University College London, envolveu imagens de alta resolução de cérebros de camundongos. Eles observaram que, quando os camundongos respondiam a sons reproduzidos de ângulos diferentes, o colículo superior inclinava e girava de acordo. "É como se o cérebro tivesse sua própria cabecinha que gira para 'olhar' os sons", explicou Yao no estudo.
Essa descoberta se baseia no conhecimento anterior sobre o papel do colículo superior na integração de informações sensoriais para comportamento orientador. Tradicionalmente, pensava-se que a atenção auditiva dependia principalmente de sinalização neural sem movimento físico. No entanto, os experimentos demonstraram rotações mensuráveis de até vários graus, correlacionadas diretamente com a localização do som.
Os achados foram detalhados em um artigo publicado na Nature em 23 de outubro de 2024. A equipe usou técnicas avançadas, como microscopia de dois fótons, para rastrear esses movimentos em tempo real durante tarefas auditivas. Nenhuma rotação foi observada em condições de controle sem estímulos sonoros, confirmando o vínculo com o processamento auditivo.
As implicações dessa pesquisa se estendem à compreensão da integração sensorial em mamíferos, incluindo humanos. Ela pode informar tratamentos para distúrbios auditivos ou déficits de atenção onde a consciência espacial está prejudicada. O estudo destaca a adaptação evolutiva do colículo superior para a sobrevivência, auxiliando respostas rápidas a sons ambientais, como ruídos de predadores ou chamadas.
Embora os experimentos tenham sido limitados a camundongos, a estrutura conservada do colículo superior em várias espécies sugere paralelos potenciais em cérebros humanos. Pesquisas futuras podem explorar essas dinâmicas usando imagens não invasivas em primatas ou humanos.