O biministro de Economia e Energia do Chile, Álvaro García, anunciou que a Transelec concordou em reembolsar US$ 135 milhões cobrados a mais nas contas de eletricidade a partir de janeiro. Este acordo soma-se aos US$ 115 milhões que os geradores devem devolver devido a erros de cálculo desde 2017. A crise, que levou à renúncia do ministro de Energia Diego Pardow, destaca falhas na gestão governamental e no setor elétrico.
A controvérsia sobre erros nas tarifas de eletricidade do Chile levou a cobranças excessivas significativas para os consumidores. De acordo com a Comissão Nacional de Energia, uma falha na fórmula de cálculo desde 2017 contou duas vezes o custo da inflação, resultando em um sobrepreço de US$ 115 milhões por parte dos geradores. Além disso, a Transelec relatou um erro na supervalorização de seus ativos, inicialmente estimado em US$ 100 milhões, mas ajustado para US$ 135 milhões após revisão.
O biministro Álvaro García anunciou que a Transelec aceitou o acordo para reembolsar esses fundos a partir de 1º de janeiro de 2025. “A Transelec aceitou devolver todos os recursos que havia cobrado a mais. Portanto, a partir de 1º de janeiro próximo, todas as contas refletirão uma redução nas tarifas como resultado desse reembolso”, declarou García em uma coletiva de imprensa. O reembolso representará um desconto médio de 1,5% ou 2% nas contas, além daquele proveniente do erro dos geradores, totalizando pelo menos US$ 250 milhões.
O erro da Transelec foi notificado às autoridades no final de 2024, mas não comunicado publicamente até recentemente. García enfatizou que não há negociação com os geradores e que eles foram informados do valor exato a ser devolvido, com um período de observação até meia-noite no dia do anúncio. Se a auditoria em andamento detectar mais fundos, eles serão reembolsados adicionalmente.
Essa situação levou à renúncia do ministro de Energia Diego Pardow, que enfrentou críticas por não relatar o problema a tempo, apesar de ter sido alertado em setembro. A secretária executiva da Comissão Nacional de Energia também renunciou. Um relatório da consultoria Valgesta indica que os consumidores pagaram diretamente apenas US$ 2 milhões, com o restante em instrumentos financeiros até 2028, embora o governo insista no reembolso total.
A crise ocorre em um contexto de sistema tarifário complexo, agravado por uma dívida de US$ 6 bilhões com os geradores após o descongelamento das tarifas. Uma carta ao editor no La Tercera, da engenheira comercial Varsovia Valenzuela, critica a falta de agilidade nos setores público e privado: “Aqui, não falharam apenas as entidades técnicas do aparato estatal que cometem erros repetidos, mas também as empresas privadas.” O editorial do veículo descreve o manejo como “errático”, comparando-o a outras crises governamentais e alertando para impactos políticos durante a campanha eleitoral.