Na Nigéria, a aposentadoria se transformou em uma luta para milhares de funcionários públicos que enfrentam atrasos no recebimento de pensões e gratificações. Pensionistas idosos suportam longas filas e verificações repetidas em escritórios como o PTAD em Abuja, enquanto protestos eclodem em estados exigindo direitos não pagos. A crise destaca problemas profundamente enraizados de corrupção e má gestão no sistema de pensões.
A aposentadoria, que deveria trazer descanso e dignidade após anos de serviço, tornou-se uma fonte de sofrimento para os funcionários públicos nigerianos. No escritório da Pension Transitional Arrangement Directorate (PTAD) em Abuja, homens e mulheres idosos chegam ao amanhecer, agarrando pastas e apoiando-se em bengalas, na esperança de processar seus pedidos antes do anoitecer. Essa rotina exaustiva persiste há anos para muitos, com pouco progresso.
O Sr. James, um pensionista de Nasarawa que se aposentou em 2015 após 35 anos como professor, compartilhou sua frustração: «Desde então, não recebi minha gratificação. Eles continuam nos dizendo para voltar. Enquanto isso, muitos dos meus colegas estão morrendo.» Os protestos se tornaram rotina, como aposentados em Benue bloqueando estradas por pensões devidas há mais de dois anos, mulheres idosas marchando para as sedes do governo em Imo e Ondo com cartazes dizendo «Paguem-nos antes que morramos», e pensionistas idosos sentados em frente à secretaria estadual em Borno.
A disparidade é gritante: enquanto os pensionistas enfrentam a miséria, ex-governadores recebem pacotes generosos incluindo salários, auxílios, casas e veículos. Os impactos na saúde são graves, com relatos de colapsos e mortes nas filas ligados a estresse, pressão alta, depressão e doenças cardiovasculares. As famílias arcam com cargas adicionais, pois parentes mais jovens cobrem custos destinados às pensões.
As causas raízes incluem décadas de corrupção e má gestão, exemplificadas pelo escândalo de pensões de 2013, onde bilhões de nairas foram desviados. A Lei de Reforma de Pensões de 2004 introduziu um esquema contributivo, que funciona no setor privado e em alguns órgãos federais, mas é mal implementado na maioria dos estados. A Sra. Hauwa, uma enfermeira aposentada em Maiduguri, lamentou: «Eu dei minha juventude ao serviço governamental, agora nem consigo pagar meus remédios.»
Estados como Lagos e Edo servem como modelos com esquemas contributivos eficazes e pagamentos regulares. Especialistas pedem implementação completa em todo o país, proteção de fundos, verificação biométrica para eliminar pensionistas fantasmas e priorização de orçamentos para obrigações com aposentados. Sem reformas, a crise permanece um fracasso moral, traindo aqueles que construíram o serviço público.