Onze deputados da oposição apresentaram uma acusação constitucional contra o ex-ministro de Energia Diego Pardow na segunda-feira, por negligências nos cálculos das tarifas de eletricidade que levaram a faturamento excessivo. O documento busca desqualificá-lo por cinco anos e critica violações à probidade administrativa sob o artigo 8 da Constituição. Enquanto isso, surge um debate sobre o apoio legal que o governo planeja fornecer a Pardow.
Na segunda-feira, 27 de outubro de 2025, no escritório do bloco UDI na Câmara dos Deputados, as equipes jurídicas da oposição finalizaram e apresentaram a acusação constitucional contra Diego Pardow, que renunciou após erros nas contas de luz serem revelados em outubro de 2024. O decreto de tarifas assinado por Pardow em janeiro de 2024 dobrou os efeitos inflacionários, impactando os consumidores. O documento de 40 páginas inclui dois capítulos: o primeiro, redigido pela Renovación Nacional, acusa negligência na probidade administrativa e falta de eficiência; o segundo, da UDI, reprova omissões e falta de transparência após a notificação da Transelec, afirmando que “o ex-ministro nunca divulgou essa situação e depois manteve uma atitude aparentemente passiva e negligente na busca por soluções”.
Onze deputados assinaram: Pamela Jiles (PDG), Frank Sauerbaum, Carla Morales e Eduardo Durán (RN), Henry Leal, Juan Manuel Fuenzalida e Juan Antonio Coloma (UDI), Francisco Undurraga (Evópoli), Juan Irarrázaval e Cristián Araya (Republicanos), e Jorge Saffirio (Demócratas). Sauerbaum instou os oficialistas a “votar por esta acusação constitucional e estudá-la adequadamente sem fazer uma defesa corporativa”. Leal acusou Pardow de “ocultar informações dos chilenos, ele foi negligente ao assinar o decreto de tarifas”. Undurraga observou que revela “uma forma de governar do presidente Boric e seus ministros, que é o governo dos pegos no flagra”. Jiles enfatizou que assinar é “uma obrigação constitucional diante das falhas inegáveis”.
Após a apresentação, a comissão revisora foi sorteada: Carmen Hertz (PC), Sergio Bobadilla (UDI), Mauro González (RN), Jaime Mulet (FRVS) e Ericka Ñanco (FA), com maioria oficialista. O processo pode se estender além das eleições de 16 de novembro. Esta é a nona acusação contra funcionários do governo Boric, empatando o recorde da era Piñera.
O governo decidiu fornecer apoio legal a Pardow, pois os fatos ocorreram durante seu mandato. A ministra Macarena Lobos confirmou que “o Executivo estará presente para assumir. Porque isso não é uma questão pessoal, é uma questão institucional”. O senador PS Juan Luis Castro apoiou: “O Executivo pode ajudar na defesa quando a acusação é por ações no papel ministerial”. No entanto, a UDI, liderada por Leal, apelará ao Contralor, argumentando que “não é apropriado usar recursos de todos os chilenos para pagar a defesa legal de uma pessoa que não é mais funcionário público”. Deputados oficialistas como Jaime Araya (indep. PPD) e Eric Aedo (DC) recomendaram distanciamento para evitar controvérsias.