Cientistas alertam que a Terra atingiu o primeiro ponto de inflexão climática

Cientistas climáticos internacionais alertaram em um novo relatório que os recifes de coral tropicais já cruzaram seu ponto de inflexão devido ao aumento das temperaturas oceânicas. O Relatório de Pontos de Inflexão Globais 2025 destaca riscos de falhas em cascata em outros sistemas climáticos se o aquecimento global exceder 1,5°C. As descobertas vêm antes da 30ª Conferência Climática Mundial no Brasil.

O Relatório de Pontos de Inflexão Globais 2025, coordenado por Tim Lenton, Professor do Global Systems Institute da University of Exeter, foi lançado por mais de 100 cientistas de mais de 20 países. Ele identifica cerca de duas dúzias de partes do sistema climático global em risco de pontos de inflexão, onde mudanças autorreforçadas se tornam irreversíveis.

Os recifes de coral tropicais são os primeiros a terem ultrapassado seu limiar, estimado em cerca de 1,2°C de aquecimento. Com o aquecimento global atual em aproximadamente 1,4°C acima dos níveis pré-industriais, os recifes estão sofrendo mortalidade recorde devido a eventos repetidos de branqueamento. Mesmo se as temperaturas se estabilizarem em 1,5°C, a maioria dos recifes continuaria a colapsar e só se recuperaria se o aquecimento caísse para 1°C ou menos. Nico Wunderling, Professor de Ciências Computacionais de Sistemas Terrestres na Goethe University Frankfurt e autor principal, afirmou: "As consequências devastadoras que surgem quando os pontos de inflexão climáticos são cruzados representam uma ameaça massiva às nossas sociedades. Há até o risco de que o ponto de inflexão de um sistema climático potencialmente desencadeie ou acelere o de outros. Esse risco aumenta significativamente uma vez que o limiar de 1,5°C é excedido."

Outros sistemas próximos a pontos de inflexão incluem a floresta amazônica, que poderia se transformar em savana entre 1,5-2°C de aquecimento, acelerando as mudanças climáticas globais; as camadas de gelo da Groenlândia e da Antártida Ocidental, que poderiam causar vários metros de elevação do nível do mar; e a Circulação de Retorno Meridional do Atlântico (AMOC), incluindo a Corrente do Golfo, que poderia falhar com menos de 2°C, levando a invernos europeus mais frios, monções interrompidas e produtividade agrícola reduzida.

O relatório, publicado pela primeira vez em 2023, projeta que o aquecimento de 1,5°C será alcançado nos próximos anos, potencialmente desencadeando múltiplos pontos de inflexão. Ele também observa pontos de inflexão positivos, como as renováveis agora mais baratas que os combustíveis fósseis na maioria das áreas e veículos elétricos rapidamente substituindo modelos a gasolina, que poderiam acelerar transições sustentáveis por meio de apoio político e mudanças sociais.

Esta atualização precede a 30ª Conferência Climática Mundial, que começa em 10 de novembro de 2025 em Belém, Brasil.

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