Pelo menos 170 hospitais dos EUA enfrentam riscos elevados de inundações
Uma análise recente revela que pelo menos 170 hospitais em todo os Estados Unidos são vulneráveis a inundações graves, representando riscos à infraestrutura de saúde em meio a condições climáticas cada vez piores. Especialistas atribuem parte da ameaça crescente a decisões políticas sob o ex-presidente Donald Trump que reverteram proteções ambientais. Essa vulnerabilidade poderia interromper serviços médicos críticos para milhões durante desastres.
O estudo, publicado pela Union of Concerned Scientists, destaca como o aumento do nível do mar e tempestades intensificadas estão colocando inúmeras instalações de saúde em perigo. De acordo com o relatório, esses 170 hospitais estão localizados em áreas propensas ao que os pesquisadores chamam de 'eventos de inundação principais', definidos como inundações que poderiam alagar grandes porções dos edifícios. Essa avaliação se baseia em dados de mapas federais de inundações e projeções climáticas, estimando que tais eventos possam se tornar mais frequentes nas próximas décadas.
Especialistas enfatizam os riscos humanos envolvidos. 'Hospitais são infraestrutura crítica, e quando estão submersos, vidas estão em risco', disse Kristina Dahl, cientista climática principal da organização e autora principal do estudo. A análise aponta regiões costeiras e bacias hidrográficas como pontos quentes, com instalações em estados como Flórida, Texas e Louisiana particularmente expostas. Por exemplo, mais de 50 hospitais apenas na Flórida são sinalizados como de alto risco, potencialmente afetando o acesso ao cuidado para populações idosas e comunidades de baixa renda que dependem fortemente dessas instituições.
O relatório também critica mudanças na política federal durante a presidência de Trump como fatores agravantes. Ações como a retirada do Acordo de Paris, o alívio de regulamentações sobre emissões de combustíveis fósseis e a alteração de proteções da Lei de Água Limpa são consideradas obstáculos aos esforços de adaptação. 'Esses retrocessos tornam mais difícil para as comunidades se prepararem e mitigarem riscos de inundação', observou Dahl. Embora o estudo reconheça que alguns hospitais implementaram barreiras contra inundações ou elevaram equipamentos, muitos carecem de recursos suficientes, especialmente em sistemas públicos subfinanciados.
O contexto mais amplo sublinha a urgência. O sistema de saúde dos EUA já está sobrecarregado com respostas a desastres, como visto em eventos como o Furacão Harvey em 2017, que inundou vários hospitais no Texas. Projeções indicam que, sem políticas climáticas mais fortes, o número de instalações em risco pode dobrar até meados do século. Os especialistas pedem a reinstituição de regulamentações protetoras e investimentos em infraestrutura resiliente para salvaguardar a saúde pública.