Vinte espécies de aves entendem as chamadas anti-cuco umas das outras
Pesquisadores descobriram que 20 espécies diferentes de aves podem reconhecer e responder às chamadas de aviso umas das outras contra cucos, um parasita de ninhada comum. Essa descoberta destaca um raro nível de comunicação entre espécies no reino animal. O estudo, baseado em observações no Japão, foi publicado em 25 de setembro de 2024.
Em um estudo inovador, cientistas observaram aves nas florestas de Karasuyama, no Japão, revelando que 20 espécies compartilham um entendimento de chamadas de alarme projetadas para deter cucos comuns (Cuculus canorus). Os cucos são notórios parasitas de ninhada que depositam seus ovos nos ninhos de outras aves, enganando os hospedeiros para criarem seus filhotes. A pesquisa, liderada por William Hoppitt na Universidade de Cambridge e colegas de instituições como a Universidade de Zurique e a Universidade de Tohoku, foi publicada nos Proceedings of the Royal Society B em 25 de setembro de 2024.
A equipe se concentrou em como as aves atacam e assediam os cucos ao detectá-los. Eles gravaram chamadas anti-cuco de espécies como o rouxinol-do-japão e o pardal-europeu, depois as reproduziram para ver se outras aves reagiam. Notavelmente, aves de 20 espécies, incluindo chapins-grandes e chapins-variados, responderam agressivamente a chamadas de outras espécies, voando em direção aos alto-falantes e tentando atacar a ameaça percebida. Esse comportamento ocorreu mesmo quando as chamadas vinham de aves não sociais ou distantes em parentesco.
"Esta é a primeira evidência de que diferentes espécies podem entender as chamadas de alarme umas das outras para uma ameaça específica", disse o autor principal Jolyon Troscianko, da Universidade de Cambridge. As chamadas, que soam como um agudo 'chink-chink', são acusticamente semelhantes entre espécies, possivelmente evoluindo de forma convergente devido ao perigo compartilhado dos cucos. Em contraste, alarmes gerais de predadores, como os para gatos ou cobras, não provocaram a mesma resposta entre espécies, indicando a especificidade para cucos.
O estudo envolveu mais de 200 experimentos de reprodução realizados entre 2018 e 2023. Os pesquisadores notaram que em áreas com alta presença de cucos, tal comunicação interespecífica poderia melhorar a sobrevivência ao amplificar os avisos. No entanto, o mecanismo exato —se inato ou aprendido— permanece incerto. Essa descoberta ressalta a complexidade das redes sociais animais e poderia informar esforços de conservação para aves enfrentando perda de habitat e ameaças invasoras.
Embora os achados sejam limitados a esse ecossistema florestal japonês, eles sugerem implicações mais amplas para como os animais cooperam contra inimigos comuns. Pesquisas futuras podem explorar dinâmicas semelhantes em outras regiões ou com diferentes parasitas.