Pesquisadores da Universidade McMaster descobriram que a gordura visceral ao redor dos órgãos e a gordura no fígado podem danificar silenciosamente as artérias, aumentando os riscos de derrame e ataque cardíaco, independentemente da aparência externa. O estudo, envolvendo exames de ressonância magnética de mais de 33.000 adultos, questiona a confiabilidade do IMC para avaliar a saúde cardiovascular. Publicado em 17 de outubro de 2025, os achados incentivam uma mudança para avaliações baseadas em imagens.
Um novo estudo da Universidade McMaster revela que a gordura armazenada profundamente no abdômen e no fígado representa uma ameaça significativa à saúde das artérias, mesmo entre indivíduos que parecem em forma. Liderado por cientistas incluindo Russell de Souza e Marie Pigeyre, a pesquisa analisou dados de ressonância magnética de mais de 33.000 adultos no Canadá e no Reino Unido, extraídos das coortes Canadian Alliance for Healthy Hearts and Minds (CAHHM) e UK Biobank.
A investigação, publicada em 17 de outubro de 2025 na Communications Medicine, encontrou fortes ligações entre níveis mais altos de gordura visceral — que envolve órgãos internos — e o espessamento ou entupimento das artérias carótidas, que fornecem sangue ao cérebro. A gordura no fígado mostrou uma associação menor, mas notável, com essas mudanças. Esses efeitos persistiram mesmo após ajustes para fatores como colesterol, pressão arterial, dieta, exercício e outros riscos metabólicos.
"Este estudo mostra que, mesmo após considerar os fatores de risco cardiovascular tradicionais como colesterol e pressão arterial, a gordura visceral e hepática ainda contribuem para o dano arterial", disse Russell de Souza, coautor principal e professor associado no Departamento de Métodos de Pesquisa em Saúde, Evidência e Impacto da McMaster.
Os resultados questionam a longa dependência do índice de massa corporal (IMC) para avaliar obesidade e risco de doença cardíaca, pois gorduras ocultas podem impulsionar inflamação e acúmulo de placa sem sinais visíveis. "Você nem sempre pode dizer olhando para alguém se ele tem gordura visceral ou hepática", observou Sonia Anand, autora correspondente e professora no Departamento de Medicina da McMaster. "Esse tipo de gordura é metabolicamente ativo e perigoso; está ligado à inflamação e ao dano arterial mesmo em pessoas que não estão visivelmente acima do peso."
Clínicos podem precisar adotar imagens avançadas para avaliar melhor as ameaças cardiovasculares, particularmente para adultos de meia-idade. O estudo recebeu apoio de organizações incluindo a Heart and Stroke Foundation of Canada e os Canadian Institutes of Health Research.