Cientistas desenvolvem terapia com LED para matar células cancerosas com segurança

Pesquisadores da Universidade do Texas em Austin e da Universidade do Porto criaram um tratamento para o cancro usando luz LED e nanoflakes de estanho que destroem até 92% das células de cancro de pele sem danificar o tecido saudável. Esta alternativa acessível às terapias tradicionais baseia-se em princípios fototérmicos de infravermelho próximo. O avanço, publicado na ACS Nano, visa tornar os cuidados oncológicos direcionados mais acessíveis em todo o mundo.

A nova terapia combina LEDs de baixo custo com nanoflakes de SnOx — materiais à base de estanho ultra-finos — para aquecer e eliminar precisamente as células cancerosas. Desenvolvida através do Programa UT Austin Portugal, a colaboração começou em 2021 e já produziu resultados promissores em testes de laboratório. Após apenas 30 minutos de exposição, o tratamento eliminou 92% das células de cancro de pele e 50% das células de cancro colorretal, deixando intactas as células de pele humana saudáveis.

"O nosso objetivo era criar um tratamento que não só seja eficaz, mas também seguro e acessível", disse Jean Anne Incorvia, professora na Cockrell School of Engineering da UT Austin. Ao contrário da quimioterapia convencional ou métodos baseados em laser, que frequentemente dependem de equipamentos caros e podem danificar o tecido circundante, esta abordagem utiliza LEDs do dia a dia para evitar efeitos secundários dolorosos.

O cancro, a segunda principal causa de morte a nível global, impulsiona a investigação contínua em opções mais seguras como a terapia fototérmica de infravermelho próximo, que aquece os tumores sem cirurgia ou drogas tóxicas. A equipa, incluindo o investigador principal português Artur Pinto, envisage dispositivos portáteis para uso doméstico, especialmente para cancros de pele pós-cirurgia para prevenir a recorrência.

"O nosso objetivo final é tornar esta tecnologia disponível para pacientes em todo o lado, especialmente em lugares onde o acesso a equipamentos especializados é limitado, com menos efeitos secundários e menor custo", disse Pinto. Baseando-se no sucesso, os pesquisadores garantiram financiamento para um implante de cancro da mama usando a mesma tecnologia. Os coautores incluem Hui-Ping Chang e Eva Nance da UT Austin, e Filipa A.L.S. Silva, Susana G. Santos, Fernão Magalhães da Universidade do Porto, mais José R. Fernandes da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

O estudo aparece na ACS Nano (2025; 19(38):33749, DOI: 10.1021/acsnano.5c03135).

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