Mina de grafite no Alasca avança sem consentimento tribal
Uma mina de grafite proposta na Península de Seward, no Alasca, está avançando para aprovação federal apesar de faltar a consulta obrigatória com uma tribo indígena local. O projeto, apoiado pelo Departamento de Defesa dos EUA, visa garantir suprimentos domésticos do mineral crítico para baterias. Líderes tribais da Native Village of Solomon alertam que ele ameaça suas terras tradicionais e seu modo de vida de subsistência.
O projeto Graphite One, desenvolvido pela empresa canadense Graphite One Resources, visa um depósito na Península de Seward, perto de Nome, no Alasca. O local está em terra estadual, mas se sobrepõe a áreas tradicionalmente usadas pelo povo Yup'ik da Native Village of Solomon, uma tribo reconhecida federalmente com cerca de 1.000 membros. De acordo com a lei federal, incluindo a Lei Nacional de Política Ambiental (NEPA) e a Ordem Executiva 13175, as agências devem consultar as tribos em projetos que afetem seus interesses. No entanto, a tribo relata que o engajamento significativo tem sido mínimo.
Em 2020, o Departamento de Defesa dos EUA concedeu à Graphite One uma subvenção de US$ 37,5 milhões sob a Lei de Produção de Defesa para estudar a viabilidade da mineração e processamento de grafite domesticamente, reduzindo a dependência da China, que controla mais de 80% do suprimento global. O financiamento apoia estudos de viabilidade e uma usina de processamento planejada no estado de Washington. Funcionários da empresa, incluindo o CEO Anthony Huston, afirmaram que o projeto não está em terras tribais e que consultaram partes interessadas locais, mas os líderes de Solomon contestam isso. 'Não fomos devidamente consultados; isso é uma violação de nossos direitos', disse Clarissa Iron, presidente da Native Village of Solomon, em uma declaração à Grist.
O processo de aprovação acelerou nos últimos anos em meio a preocupações de segurança nacional com minerais críticos. Em 2023, o Corpo de Engenheiros do Exército iniciou revisões ambientais, com uma declaração de impacto ambiental preliminar esperada em breve. Defensores tribais temem que a mina possa perturbar córregos de salmão e rotas de migração de caribus essenciais para a caça e pesca de subsistência, que fornecem grande parte da comida da comunidade. O projeto prevê mineração a céu aberto por 20 anos, extraindo potencialmente 175.000 toneladas de grafite anualmente.
O contexto mais amplo inclui os esforços dos EUA para internalizar cadeias de suprimento de baterias para veículos elétricos e renováveis. Apoiadaores argumentam que a mina poderia criar 300 empregos e fortalecer a segurança energética. No entanto, grupos indígenas, apoiados por organizações como o Alaska Inter-Tribal Council, pedem a suspensão das aprovações até que uma consulta completa ocorra. Até o final de 2023, o projeto corre para um possível início de construção, destacando tensões entre desenvolvimento de recursos e soberania tribal no Alasca.