Catálogo de cicatrizes de DNA abre caminhos para superar resistências a medicamentos contra o câncer
Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa sobre o Câncer (CNIO), na Espanha, desenvolveram um catálogo abrangente de 'cicatrizes' mutacionais no DNA causadas pelo câncer. Essa descoberta, publicada na Nature, poderia ajudar a contornar resistências a tratamentos como inibidores de PARP. O estudo analisa milhares de amostras de tumores para identificar padrões genéticos chave.
Em 2 de outubro de 2025, o Centro Nacional de Pesquisa sobre o Câncer (CNIO), em Madri, na Espanha, anunciou um novo catálogo de assinaturas mutacionais, conhecido como 'cicatrizes de DNA', marcando um passo significativo na luta contra o câncer. Liderada pelo pesquisador Oscar Fernández-Capetillo, a equipe analisou mais de 10.000 amostras de tumores para mapear 50 padrões distintos de mutações causados por erros na replicação do DNA durante o desenvolvimento do câncer.
Essas 'cicatrizes' são pegadas genéticas deixadas por processos como replicação defeituosa ou danos reparados de forma incompleta, permitindo que as células cancerosas sobrevivam e se tornem resistentes a terapias direcionadas. De acordo com o estudo publicado na revista Nature, esse catálogo serve como um 'dicionário' das feridas que o câncer inflige ao genoma. 'Este catálogo é como um dicionário das feridas que o câncer deixa no DNA', explicou Fernández-Capetillo em um comunicado.
O contexto da pesquisa surge da necessidade de entender por que alguns cânceres, como os de ovário ou mama com mutações BRCA, respondem inicialmente aos inibidores de PARP, mas depois desenvolvem resistências. Ao identificar essas assinaturas mutacionais, os cientistas podem prever quais tratamentos falharão e projetar estratégias alternativas, como combinar terapias para explorar fraquezas específicas dos tumores.
O impacto potencial é substancial para a medicina personalizada. Por exemplo, o catálogo mostra que certas cicatrizes estão ligadas a uma alta instabilidade genômica, abrindo portas para imunoterapias ou novos medicamentos. No entanto, os pesquisadores alertam que estudos clínicos adicionais são necessários para validar essas aplicações em pacientes. Esse avanço se baseia em dados de esforços internacionais como o Projeto Genoma do Câncer, destacando a colaboração global em oncologia.
Em resumo, o trabalho do CNIO não só aprofunda o entendimento da biologia do câncer, mas também ilumina caminhos para terapias mais eficazes, potencialmente reduzindo o sofrimento de milhões de pessoas afetadas por essa doença.