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Evolução da inteligência humana ligada à vulnerabilidade a doenças mentais

11 de outubro de 2025
Reportado por IA

Pesquisadores rastrearam variantes genéticas no genoma humano para revelar que avanços nas habilidades cognitivas há cerca de 500.000 anos foram seguidos logo por mutações que aumentam a suscetibilidade a transtornos psiquiátricos. Isso sugere um trade-off na evolução do cérebro. O estudo, publicado no Cerebral Cortex, analisou 33.000 variantes genéticas para construir uma linha do tempo evolutiva de traços relacionados ao cérebro.

Ao combinar estudos de associação em todo o genoma com análises de idades de mutações, Ilan Libedinsky e colegas do Center for Neurogenomics and Cognitive Research em Amsterdã criaram uma linha do tempo de mudanças genéticas abrangendo milhões de anos de evolução humana. Os humanos divergiram dos chimpanzés e bonobos há mais de 5 milhões de anos, com o tamanho do cérebro triplicando desde então e acelerando nos últimos 2 milhões de anos.

A equipe examinou 33.000 variantes ligadas a traços incluindo estrutura cerebral, cognição, condições psiquiátricas, forma dos olhos e câncer. A maioria surgiu entre 3 milhões e 4.000 anos atrás, com um surto nos últimos 60.000 anos, coincidindo com a migração do Homo sapiens para fora da África.

Variantes para habilidades cognitivas avançadas apareceram relativamente recentemente. Aquelas ligadas à inteligência fluida — resolução lógica de problemas em situações novas — surgiram há cerca de 500.000 anos, cerca de 90.000 anos após variantes relacionadas ao câncer e quase 300.000 anos após as metabólicas. Variantes de transtornos psiquiátricos seguiram de perto há 475.000 anos.

Um padrão semelhante ocorreu há cerca de 300.000 anos com variantes de forma do córtex para cognição de ordem superior, e nos últimos 50.000 anos com variantes de linguagem seguidas por aquelas para vício em álcool e depressão. “Mutações relacionadas à estrutura muito básica do sistema nervoso vêm um pouco antes das mutações para cognição ou inteligência, o que faz sentido, pois você precisa desenvolver o cérebro primeiro para que a inteligência superior emerja”, diz Libedinsky. “E então a mutação para inteligência vem antes dos transtornos psiquiátricos, o que também faz sentido. Primeiro você precisa ser inteligente e ter linguagem antes de poder ter disfunções nessas capacidades.”

Algumas variantes ligadas ao consumo de álcool e transtornos de humor podem vir de cruzamentos com neandertais, alinhando-se com evidências fósseis. Por que essas predisposições psiquiátricas persistem é incerto, mas seus efeitos modestos podem oferecer vantagens em certos contextos, observa Libedinsky.

“Esse tipo de trabalho é empolgante porque permite que os cientistas revisitem questões antigas na evolução humana, testando hipóteses de forma concreta usando dados do mundo real extraídos de nossos genomas”, diz Simon Fisher no Max Planck Institute for Psycholinguistics em Nijmegen. No entanto, o estudo cobre apenas locais genéticos variáveis em humanos modernos, perdendo mudanças antigas fixas.

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