Uma nova ferramenta desenvolvida por pesquisadores da University of Surrey revela que calculadoras comuns de pegada de carbono para voos subestimam significativamente seu impacto climático. A Air Travel Passenger Dynamic Emissions Calculator, ou ATP-DEC, indica que as emissões podem ser várias vezes maiores do que as figuras de ferramentas como as da ICAO, IATA, Google e MyClimate. Essa descoberta destaca lacunas na forma como os efeitos ambientais da aviação são medidos.
Pesquisadores liderados por Jhuma Sadhukhan na University of Surrey, no Reino Unido, criaram o ATP-DEC, que eles dizem fornecer uma avaliação mais precisa das emissões de voos. Em um estudo publicado em Communications Earth & Environment, a equipe comparou sua calculadora com quatro estabelecidas. Por exemplo, um voo de primeira classe de Singapura a Zurique em um avião Boeing 777 gera cerca de 3.000 quilogramas de equivalente de CO2 de acordo com as calculadoras da ICAO e IATA, 5.000 kg via Google's Travel Impact Model, e 8.000 kg da MyClimate. No entanto, o ATP-DEC estima mais de 14.000 kg.
"Os números são chocantes," disse Sadhukhan. Seu colega Eduard Goean, também da University of Surrey e do Therme Group na Áustria, acrescentou: "O impacto é consideravelmente maior."
O ATP-DEC se diferencia ao usar dados históricos de voos para modelar rotas realistas, durações, tempos de taxiamento e cargas de passageiros, em vez de caminhos ideais. Ele se atualiza dinamicamente, incorporando mudanças como rotas mais longas devido à guerra da Rússia na Ucrânia, que calculadoras antigas ignoram. Crucialmente, ele considera efeitos não CO2, como contrails, óxidos de nitrogênio e vapor d'água, que podem amplificar o aquecimento além do CO2 sozinho. "Contrails, por exemplo, podem ter um efeito de aquecimento maior do que as emissões de CO₂ de uma aeronave," notaram os pesquisadores.
Ao contrário de outras que aplicam médias fixas, o ATP-DEC varia os cálculos com base no tipo de aeronave, combustível e condições climáticas. "Elas não variam com a aeronave, ou as condições de combustível, ou as condições externas," explicou Sadhukhan. "O nosso é mais abrangente."
A equipe planeja lançar o ATP-DEC publicamente e um app no início do próximo ano, com integração rápida possível para companhias aéreas. Respostas de provedores de calculadoras reconhecem o valor do estudo. Um porta-voz da ICAO observou que sua ferramenta evita multiplicadores como o Radiative Forcing Index devido à falta de consenso científico. O consultor do Google, Dan Rutherford, chamou o TIM de "preciso e transparente," com planos para adicionar contrails. Kai Landwehr da MyClimate acolheu a contribuição e pretende atualizações em breve. A IATA não comentou.
Isso ocorre em meio ao escrutínio de compensações de emissões, onde alguns esquemas falham em entregar as reduções prometidas.