Uma revisão liderada pela Universidade de Melbourne, publicada no The Lancet em 22 de outubro de 2025, argumenta que muitos sintomas atribuídos à sensibilidade ao glúten não celíaca estão mais frequentemente ligados a FODMAPs, outros componentes do trigo e interações intestino-cérebro do que ao próprio glúten. Os autores pedem melhores diagnósticos, cuidados individualizados e uma mudança para longe da evitação desnecessária de glúten.
Em 22 de outubro de 2025, o The Lancet publicou uma revisão abrangente sobre sensibilidade ao glúten não celíaca (NCGS) que sintetiza as evidências atuais sobre por que algumas pessoas experimentam sintomas após comer alimentos contendo glúten, apesar de não terem doença celíaca ou alergia ao trigo. Os autores observam que sintomas do tipo NCGS geralmente incluem inchaço, dor abdominal e fadiga, e que a prevalência auto-relatada é frequentemente citada em torno de 10% em todo o mundo, com algumas estimativas “até 15%.” (lifescience.net)
A revisão foi liderada pela Professora Associada Jessica Biesiekierski da Universidade de Melbourne, ao lado de colaboradores dos Países Baixos, Itália e Reino Unido—refletindo a lista de autores Daisy Jonkers, Carolina Ciacci e Imran Aziz. (lifescience.net)
“Contrariando a crença popular, a maioria das pessoas com NCGS não reage ao glúten,” disse Biesiekierski. Ela acrescentou que os sintomas são mais frequentemente impulsionados por carboidratos fermentáveis (FODMAPs), outros componentes do trigo ou por expectativas e experiências anteriores. (sciencedaily.com)
Em estudos cegos e controlados, as respostas ao glúten frequentemente se assemelhavam a respostas placebo, e pessoas com síndrome do intestino irritável que acreditavam ser sensíveis ao glúten reagiam de forma semelhante ao glúten, trigo e placebo—sugerindo que a antecipação e a interpretação de sensações intestinais podem moldar os sintomas. (sciencedaily.com)
Juntas, as descobertas posicionam a NCGS dentro de um espectro mais amplo de distúrbios de interação intestino-cérebro, mais próxima da SII do que de um distúrbio específico ao glúten distinto. (medicalxpress.com)
O Professor Associado Jason Tye‑Din—Diretor do Snow Centre for Immune Health e gastroenterologista no Royal Melbourne Hospital—disse: “Distinguir a NCGS de condições intestinais relacionadas é essencial para que os clínicos ofereçam diagnóstico preciso e cuidados individualizados,” sublinhando o caso para gerenciamento personalizado e baseado em evidências e evitando restrições dietéticas desnecessárias. Seu papel atual como Diretor do Centro é confirmado pela WEHI. (sciencedaily.com)
Os autores defendem planos de tratamento que combinem ajustes dietéticos direcionados com suporte psicológico enquanto mantêm nutrição adequada. Eles também instam melhorias em ferramentas diagnósticas, caminhos clínicos, educação pública e rotulagem de alimentos. “Gostaríamos de ver as mensagens de saúde pública se afastarem da narrativa de que o glúten é inerentemente prejudicial,” disse Biesiekierski. (sciencedaily.com)