Astrônomos observam novos anéis se formando ao redor do distante Chiron

Pela primeira vez, astrônomos estão observando um sistema de anéis se formando em tempo real ao redor do objeto semelhante a um cometa Chiron. Este corpo distante, orbitando entre Saturno e Urano, mostra anéis em mudança a cada observação. A descoberta pode revelar como tais sistemas se desenvolvem no sistema solar externo.

Chiron, um objeto semelhante a um cometa que segue um caminho ao redor do sol entre as órbitas de Saturno e Urano, foi pego no ato de desenvolver novos anéis. Cada observação de Chiron revela diferenças leves em sua estrutura de anéis, marcando a primeira vez que os cientistas estão testemunhando tal processo de formação se desenrolar ao vivo.

Anéis ao redor de pequenos corpos do sistema solar não são inéditos. O asteroide Chariklo e os planetas anões Haumea e Quaoar também possuem pequenos sistemas de anéis, todos detectados por meio de ocultação estelar—uma técnica que mapeia como o material orbitante de um objeto bloqueia a luz de uma estrela distante. "Há apenas talvez 20 objetos que foram observados por ocultações estelares, então observar quatro deles com anéis é uma estatística alta," diz Bruno Sicardy no Observatório de Paris, na França. Ele acrescenta: "Há centenas ou milhares de corpos por aí, então deve haver centenas de sistemas de anéis," prevendo muitas mais descobertas à frente.

Sicardy e sua equipe analisaram dados de um evento de ocultação estelar em 2023. Estudos anteriores haviam sugerido três anéis ao redor de Chiron, mas esta observação revelou um disco adicional de material envolvendo esses anéis e se estendendo mais longe da superfície de Chiron, juntamente com um anel anteriormente não visto ainda mais distante.

"A natureza está nos mostrando um anel em estágio de formação, o que é muito sortudo para nós, porque quando olhamos para os anéis de Saturno ou de Urano, ou mesmo os de Chariklo, eles basicamente sempre permanecem os mesmos," observa Sicardy. Observar este processo dinâmico oferece insights sobre os mecanismos de formação de anéis. O membro da equipe Chrystian Pereira no Observatório Nacional do Brasil explica: "[Isso poderia] lançar luz sobre as condições específicas que permitem a formação, persistência ou dissipação de anéis, e pode explicar em última instância por que tais sistemas são encontrados apenas nas regiões frias e geladas do sistema solar."

Os achados aparecem em The Astrophysical Journal Letters (DOI: 10.3847/2041-8213/ae0b6d).

Este site usa cookies

Usamos cookies para análise para melhorar nosso site. Leia nossa política de privacidade para mais informações.
Recusar