Exercício de resistência melhora a função imunológica em idosos

Um novo estudo revela que décadas de exercício de resistência, como corrida e ciclismo, podem manter o sistema imunológico jovem e resiliente em idosos. Pesquisadores descobriram que células natural killer em indivíduos treinados funcionavam melhor, apresentavam menor inflamação e resistiam à fadiga sob estresse. As descobertas sugerem que a atividade física treina o sistema imunológico da mesma forma que treina os músculos.

Uma equipe internacional de cientistas, liderada por pesquisadores da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP) no Brasil e da Universidade Justus Liebig Giessen (JLU) na Alemanha, examinou as células imunológicas de idosos com longa história de treinamento de resistência. O estudo, financiado pela FAPESP e publicado em Scientific Reports em 2025, focou em células natural killer (NK), que visam células infectadas ou danificadas, incluindo vírus e câncer.

Os pesquisadores analisaram amostras de nove participantes com idade média de 64 anos, divididos em grupos treinados e não treinados. O grupo treinado consistia em indivíduos que praticavam exercícios de resistência como corrida de longa distância, ciclismo, natação, remo e caminhada por mais de 20 anos. "Nesses indivíduos, as células NK funcionavam melhor diante de um desafio inflamatório, além de usarem energia de forma mais eficiente. Portanto, é como se o exercício também treinasse o sistema imunológico", diz Luciele Minuzzi, pesquisadora visitante na JLU.

Comparados a não atletas, os idosos treinados tinham menos marcadores inflamatórios e mais marcadores anti-inflamatórios, indicando melhor controle da inflamação. Experimentos expuseram as células NK a agentes farmacológicos como propranolol, que bloqueia a via adrenérgica, e rapamicina, que inibe a via de sinalização mTORC1. Mesmo nessas condições, as células NK de indivíduos treinados mantiveram a função, enquanto as de não treinados mostraram exaustão.

"Indivíduos idosos treinados demonstram imunidade mais eficiente e adaptável, com maior controle metabólico e menor propensão ao esgotamento celular", explica Minuzzi. Uma análise relacionada comparou 12 atletas masters (idade média 52, mais de 20 anos de treinamento) com atletas jovens (idade média 22, mais de 4 anos de treinamento). Atletas masters exibiram uma resposta inflamatória mais controlada a patógenos, produzindo menos IL-6 e sem aumento em TNF-α, ao contrário do grupo mais jovem.

Fábio Lira, coordenador do projeto no campus Presidente Prudente da UNESP, observa que o treinamento ao longo da vida adapta o sistema imunológico para lidar com a inflamação sem exagero, potencialmente auxiliando o envelhecimento saudável. O sistema imunológico é influenciado por fatores como sono, nutrição e estresse, mas o exercício consistente surge como um modulador chave.

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